Meu estilo Marlon Brando

Daniele Bressan

Émerson Ceará é um comediante brasileiro (Capazzz! Ceará só pode ser Australiano). Bom, vamos de novo. Émerson Ceará é um comediante de que gosto muito. Ele possui um humor extremamente refinado e, paradoxalmente, escrachado. Em quase todos os vídeos, o rapaz consegue me fazer virar o pescoço para trás em um ritmo frenético de gargalhadas insuportáveis para quem está de fora e que, certamente, não entende bulhufas do que está acontecendo.Em um de seus vídeos, esse gênio da comicidade diz: “o improviso leva ao fracasso.”. Comecei a refletir sobre como eu mesma, em muitos casos, tentei, por meio do improviso, resolver algumas coisas. Nossa! Quanta improvisação medonha já realizei na vida. Impublicáveis. Veio-me a lembrança de um excelente texto da Martha Medeiros que traz o título “ Enquanto isso, nos bastidores do universo”. Nem o exagero da vida extremamente programática, nem o desleixo de improvisar sempre: é sobre isso.A nossa vida, todos os dias, é construída de escolhas que fazemos seja por uma mentalidade racional, organizacional e metódica, seja por escolhas de uma minoria que se sobrepõem aos nossos desejos sem que ao menos consigamos perceber, ou ainda, seja por aquilo que decidimos na última hora e, de repente, o caminho a ser trilhado se torna algo triste e de muito arrependimento ou não. Podemos escolher, mas não temos como saber qual serão as surpresas que o Universo nos reservou. Muitos de nós já mudamos a rota de casa e fomos assaltados, em contrapartida, outros já trocaram a travessia de retorno e encontraram o grane amor. Vai saber!Não planejar não é todo ruim, penso eu. Lógico que a inconstância das decisões não tornará as nossas vidas mais fáceis, muito pelo contrário, pode fazer com que soframos com indecisões e improvisos.“O passado é seguro, por isso estamos aqui”, com esses versos Dinho Ouro Preto me faz repensar que, até agora, a maioria das minhas escolhas deram certo. Já tentei , logicamente em vão, organizar e prever o futuro. Para quê? Quem sabe para tentar pegar as rédeas de algo que não me pertence: o futuro. Eu tenho um passado, eu realmente vivo o presente. Pronto! Simples como a vida deve ser. Ou não tão simples.Na verdade, eu tenho muito receio do improviso, pois a mim não serve. Pelo menos não sempre.Esse texto veio parar aqui por conta de uma história hilária sobre improviso e que me fez entender algumas atitudes minhas. A história não é sobre mim. É sobre o “Tio Júlio”, que nem cheguei a conhecer e muito menos é meu tio.O “Tio Júlio, casado com a Dona Silvia, pelo que ouço das histórias, parece-me um ser humano incrivelmente divertido. Quase uma ramificação do Ceará. A Dona Silvia era uma exímia confeiteira- daquelas de fazer bolo de casamento. Imaginem só! Fazer bolo de casamento? Isso é incrível. Não é só um bolo de casamento, mas também a representação de um sonho realizado. É a doçura mais simbólica do casal no dia mais importante da história de suas vidas. É a imagem, antes apenas no desejo onírico, concretizada em camadas de pura felicidade.O “Tio Júlio” decidiu carregar um bolo de casamento para ajudar a Dona Silvia. O “Tio Júlio” decidiu carregar um bolo de casamento no dia em que o casamento ocorreria. O “Tio Júlio” decidiu carregar o bolo enquanto descia uma escada. Não satisfeito com as façanhas até aí, “Tio Júlio” bradou a todos que ali estavam:– “Olhem só o meu estilo Marlon Brando!”O enfeite de biscuit que imitava os noivinhos voou.A escada ficou recheada de glacê, pão de ló, cerejas, “Tio Júlio” e, principalmente, recheada de improviso.Pretendo descobrir se o casamento resistiu ao irresistível estilo Marlon Brando do “Tio Júlio”.O “Tio Júlio” já é falecido, mas se eterniza nas histórias que o trazem à vida todos os dias.Não vou me conter e preciso plagiar a fantástica Martha Medeiros:“…E assim seguem os dias à prova de planejamento e contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos ensaiado nossa fala e estejamos preparados para a melhor cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel de última hora e não nos comunica, tornando surpreendente a nossa vida.”

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